quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Prólogo

        Ele caminhava por aquela ruazinha escura. 
        Deveria ter o máximo de cuidado para que não fosse visto. A carta que recebera dias atrás lhe ordenava discrição, além de informar sobre o local da reunião. Não deveria se atrasar.
        Um clarão cortou o céu. Teve receio, mas percebeu que era apenas um relâmpago.
        A chuva estava chegando, pois as estrelas não eram mais vistas no céu...
        Sentiu uma pesada gota de chuva no nariz e apressou os passos para dobrar a esquina. 
        Então, apenas correu em direção à catedral. Observou o frontispício da porta principal que tinha esculpida uma cena futura: Cristo separando justos e pecadores no Juízo Final. Era estranhamente intimidador... 
        Procurou no bolso do hábito religioso a chave que lhe fora entregue. Encaixou-a na porta e girou.
        Respirou fundo, fez o sinal da cruz e entrou...

        O que ele não sabia era que alguém seguira os seus passos...

        Dentro da catedral, frei Albério já se sentia seguro. Ali nada de mal lhe podia acontecer. Os outros já haviam começado, pois o frei já ouvia o som dos cânticos ecoarem por aquelas paredes de pedra.
        Enquanto caminhava pelo templo em direção ao altar, via a luz dos relâmpagos que passava pelos grandes vitrais que contavam a vida de Jesus e dos santos.O cheiro de incensos queimando era suave e aqui ou ali haviam focos de luz gerados pelas velas acesas que os fieis haviam deixado durante o dia. A chuva começara. 
        Todos pararam os salmos e se viraram para Albério.
        Agora não havia mais volta...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Espera


      Ele desejava que a vida lhe sorrisse...
      Que qualquer desconhecido aparecesse e tornasse sua vida menos tediosa.
      Sentado sob a copa daquela árvore ele olhava para o sol que nascia, buscando em si um por quê pra tudo aquilo. Tanta confusão... E a sede de algo... Queria amar? Vivera isso? Sim, e era isso que o prendia...
      A falta de uma parte do coração realmente era sensível...
      Será que aquilo passaria?
      Não sabia... Sentia apenas que cada olhar ou palavra trocada eram definitivamente chamas frágeis de esperança que ainda inflamavam o seu coração...

domingo, 20 de novembro de 2011

O Despertar

       Estava cansado. Queria fugir dos comentários relacionados ao meu defeito. Suavemente me deitei na minha cama. No meu quarto. Em meio ao ambiente com o qual eu realmente me identificava.
       Fugir era meu desejo principal.
       Apenas fechei os olhos e me deixei levar pelo vento que bagunçava a colcha da cama.
       Então tudo silenciou e esqueci de mim...


       -Meu filho... Acorde... Vá tomar um banho para jantar...
       Meus olhos abriram. Estava escuro, já. Via pela janela o céu que pouco a pouco era ocupado por estrelas. Uma brisa leve corria.
       Eu... Consegui descansar. Meu coração relaxara e as preocupações de antes eram vistas de um modo novo e racional.